O QUE A GRÉCIA TEM A VER COM O BRASIL?...
Entenda como a crise internacional pode atingir seu bolso
Crise europeia e solavancos da economia americana podem
afetar investimentos, viagens ao exterior e até empregos dos brasileiros
Se você acompanha a crise na Europa com o desinteresse de
quem não tem nada a temer com as notícias ruins que chegam do outro lado do
oceano, é bom saber que o Brasil não está imune ao clima de incerteza que
atinge os mercados do mundo inteiro. As dificuldades enfrentadas por países
como Grécia, Portugal e Itália e o complicado cenário político-econômico nos
Estados Unidos podem, em algum momento, atingir seu bolso.
A crise internaional pode afetar mercado de trabalho
brasileiro, como ocorreu em 2008.
Prejuízos no mercado de ações, viagens internacionais
adiadas ou canceladas, endividamento e até mesmo a perda do emprego estão entre
os possíveis efeitos da crise internacional na vida do brasileiro.
“Muitas pessoas, ao acompanharem o noticiário, perguntam de
maneira irônica o que a
Grécia tem a ver com o Brasil, sem levar em consideração o
fato de que a economia global hoje está completamente interligada. Se o cenário
econômico internacional se deteriorar, é possível que tenhamos que enfrentar
fenômenos semelhantes aos vivenciados em 2008”, diz Creomar Lima de Souza,
professor de Relações Internacionais no Ibmec Brasília e especialista em
economia internacional e dos EUA.
Quem sentiu na pele os efeitos da crise de 2008 não tem
dúvidas de que os brasileiros têm muito a perder diante de um tropeço na
economia europeia ou americana. É o caso da ex-gerente de recrutamento e
seleção de uma consultoria internacional presente no Brasil. A crise atingiu em
cheio a empresa, que demitiu quase 20% de seu quadro de funcionários entre o
final de 2008 e o início de 2009.
À época liderando um time de profissionais orientados para
selecionar novos funcionários, a executiva não apenas teve que suspender novas
contratações, como acabou também sendo vítima dos cortes realizados pela
consultoria. “De uma hora para outra, a empresa paralisou os planos de expansão
e começou a demitir, eliminando vagas em todas as áreas e cargos, incluindo boa
parte da equipe de Recursos Humanos”, diz a executiva, que prefere não se
identificar.
Ainda é cedo para prever movimento semelhante, mas a luz de
alerta está acessa em grande parte das empresas, diz o consultor em
recrutamento e seleção de executivos, Luis Henrique Hartmann. “Ao menos por
enquanto, não é possível falar em impactos significativos no mercado de
trabalho brasileiro. Mas é óbvio que a crise na Europa pode, em algum momento,
levar as empresas multinacionais a reduzirem os investimentos no Brasil. Na
prática, isso implica não apenas na redução de novas oportunidades de trabalho e
na diminuição de salários, mas também em demissões em massa”, diz Hartmann.
Em 2008, muitos investidores brasileiros – alguns já
desempregados - tiveram que lidar também com perdas significativas no mercado
de ações em 2008. Em questão de meses, o ex-executivo de uma empresa de
telecomunicações perdeu o emprego e mais de 50% de seu patrimônio investido na
Bolsa de Valores.
“A crise de 2008 me pegou de surpresa e, de uma hora para
outra, me vi sem emprego e com apenas metade do dinheiro que levei uma vida para
economizar. Após meses de procura, encontrei uma nova colocação e consegui
manter as finanças em dia. Mas o fato é que, quase quatro anos depois, ainda
não consegui recuperar meu antigo padrão de vida”, conta o executivo.
Brasileiros precisam poupar dinheiro e evitar dívidas. Diante
do cenário atual e do histórico de efeitos da crise americana sobre o Brasil em
2008, os especialistas em finanças recomendam cautela. “A capacidade da
economia brasileira de reagir não está clara e ninguém é capaz de prever se a
crise pode contaminar todos os países da zona do euro. Tampouco se sabe se o
presidente Barack Obama será bem sucedido em sua tentativa de reduzir o déficit
americano. A incerteza é muito grande e não é aconselhável se arriscar nesse
momento”, afirma Leandro Ruschel, especialista em mercado financeiro.
Em momentos de grande instabilidade, é essencial conter os
gastos pessoais, resume o coordenador dos cursos de Gestão Financeira e
Ciências Contábeis da Veris Faculdade, Fabrício Ferreira. Definitivamente, diz
ele, não é o momento de se comprometer com dívidas de longo prazo, como compras
de imóveis e veículos. “A hora é de economizar e aumentar a reserva de recursos
para eventuais emergências, como a perda do emprego”, afirma.
Longas viagens internacionais também estão na lista de
gastos que devem ser evitados nesse momento, sobretudo se a ideia for utilizar
o cartão de crédito como principal meio de pagamento . Com a instabilidade do
câmbio, alerta Ferreira, o consumidor pode ter uma surpresa bastante
desagradável no fechamento da fatura.
Carla Falcão, iG São Paulo | 21/09/2011 05:21:43
Saiba mais sobre a Crise econômica internacional acessando o link abaixo.
http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2012/02/21/entenda-a-crise-da-divida-da-grecia.jhtm
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