AMÉRICA: COLONIZAÇÃO EUROPÉIA


1492: Colombo inicia viagem de descobrimento

Cristóvão Colombo viveu de 1451 a 1506

No dia 3 de agosto de 1492, Cristóvão Colombo içou velas para iniciar sua viagem em busca do caminho para as Índias, a terra do ouro e das especiarias. Dois meses depois, chegará ao Novo Mundo.

O navegador Cristóvão Colombo, morto há mais de 500 anos, ainda hoje é considerado um herói. E isso embora seu ato heroico tenha sido fruto de um engano. Ele nada sabia da existência do novo continente quando partiu rumo ao Ocidente em busca de uma nova rota marítima para a Índia. Até a morte, acreditou que encontrara tal rota.

Em 30 de abril de 1493, Colombo escreveu a seguinte carta ao tesoureiro real da Espanha: "Conseguimos o que nenhum outro mortal conseguiu até hoje. Por isso, agora, o rei e a rainha devem louvar e agradecer a Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos conduziu à vitória e nos presenteou com ricas dádivas".

Filho de um tecelão genovês, Cristóvão Colombo (1451–1506) tornou-se navegador por necessidade. Com a falência da empresa do pai, descobriu no comércio marítimo um novo meio de vida. Em 1477, estabeleceu-se em Lisboa, junto com o seu irmão Bartolomeu, que era cartógrafo. Seu destino era a Índia, a terra do ouro e das especiarias. Para chegar até lá, nessa época, era necessário contornar a África.

Dados totalmente falsos
Colombo sonhava encurtar essa rota, embora tenha se baseado em dados totalmente falsos, enganando-se quanto à distância prevista. Depois que a coroa portuguesa rejeitou o seu plano de alcançar as Índias pelo Atlântico, apresentou o mesmo projeto ao rei espanhol, em 1485.

Economicamente debilitada pela expulsão dos mouros e dos judeus, a Espanha precisava urgentemente de novas fontes de riqueza. Até mesmo a vaga perspectiva de encontrar ouro no novo caminho marítimo era bem-vinda.

A família real obrigou a cidade portuária de Palos, que caíra em desgraça junto à coroa por pagamento irregular de impostos, a entregar três embarcações tripuladas a Colombo. A 3 de agosto de 1492, as caravelas Pinta, Nina e Santa Maria partiram de Palos com destino incerto.

Em 11-12 de outubro de 1492, Cristóvão Colombo escreveu em seu diário de bordo: "Pode ser que esta seja minha última anotação; que eles joguem o diário de bordo na água. Talvez eles o esqueçam e, um dia, a rainha saberá que eu não era um fantasista, um sonhador fora da realidade. Eu vi uma luz. Como se alguém movimentasse uma tocha".

Colombo, vice-rei
Colombo desembarcou numa ilha das Bahamas, hoje chamada Samana Cay. Convicto de que havia chegado ao planejado destino, batizou a nova terra de Índias Ocidentais. Com a permissão da coroa espanhola tomou posse de tudo como "vice-rei".

Em seu livro Nascimentos, o escritor uruguaio Eduardo Galeano descreveu assim a chegada de Colombo ao Novo Mundo: "Cai de joelhos, chora, beija o solo. Avança tremendo, pois há mais de um mês dorme pouco ou nada, e a golpes de espada derruba uns arbustos. Depois, ergue o estandarte. De joelhos, os olhos no chão, pronuncia três vezes os nomes de Isabel e Fernando. Ao seu lado, o escrivão Rodrigo de Escobedo, homem de letra lenta, levanta a ata. Tudo pertence, desde hoje, a esses reis distantes: o mar de corais, as areias, os rochedos verdíssimos de musgo, os bosques, os papagaios e esses homens de barro que ainda não conhecem a roupa, a culpa, nem o dinheiro, e que contemplam, atordoados, a cena. (...) Em seguida, correrá a voz pelas ilhas: 'Venham ver os homens que chegaram do céu!'".

Na falta de ouro, escravos
Colombo escreveu em seu diário, no dia 12 de outubro de 1492: "Acredito que os nativos me consideram um deus, e os navios são para eles monstros que emergiram do fundo do mar durante a noite. A aparência deles igualmente nos surpreende, porque são diferentes de todas as raças humanas que vimos até agora. Sem dúvida, são bondosos e pacíficos. Acredito que não conhecem o ferro. Eles tampouco sabiam o que fazer com as nossas espadas".

A falta de defesa provou-se fatal para os nativos. Colombo não encontrou nem ouro, nem outras mercadorias. Para poder apresentar um êxito à coroa espanhola, decidiu escravizar a população da ilha. "Levarei seis desses homens na viagem de volta, para apresentá-los ao rei e à rainha. Eles devem aprender a nossa língua", anotou Colombo em 12 de outubro de 1492.

Os seis transformaram-se em centenas de milhares. No final da conquista espanhola, a população das Índias Ocidentais estava dizimada. Colombo realizaria mais três viagens ao Novo Mundo, sem saber que não se tratava da Índia e, sim, do continente que um cartógrafo alemão batizou com o nome do navegador italiano Américo Vespúcio: América.
  • Autoria Catrin Möderler




Afinal, quem descobriu a América?

Sempre haverá alguém disposto a afirmar que outros navegadores chegaram à América antes de Colombo. Aqui estão algumas das teorias mais conhecidas a respeito:


Viquingues


As sagas escandinavas celebram as aventuras de dois navegadores, Bjarni Heljolfsson e Leif Ericsson, por volta do ano 1000. Segundo esses relatos, Heljolfsson avistou o Canadá, mas não chegou a desembarcar. Ericsson, que veio logo depois, estabeleceu uma colônia permanente num local batizado com o nome de Vinland. Em 1960, o arqueólogo norueguês Helge Ingstad, realizando escavações na Terra Nova, encontrou vestígios que poderiam ser da antiga colônia. Japoneses Fragmentos de cerâmica encontrados por um arqueólogo amador nas costas do Equador, em 1956, apresentam semelhanças marcantes com a cerâmica fabricada no sudoeste do Japão há 5 000 anos. Os especialistas encontraram vinte características coincidentes.

Judeus

Inscrições numa pedra encontrada num túmulo dos índios Cherokee, no Estado americano do Tennessee, são muito parecidas com as que figuravam nas moedas hebraicas do ano 100 de nossa era. No túmulo também foram encontrados braceletes de um tipo de latão fabricado unicamente naquela época. Supõe-se Leif Ericsson e seus viquingues, um dos muitos presumidos precursores que seriam vestígios deixados por judeus que chegaram à América fugindo da perseguição romana. Ninguém tem idéia do tipo de embarcação que teriam usado, nem a rota seguida.

Chineses

Documentos antigos apresentam como fato histórico a viagem do monge budista Hui-Shen até uma terra denominada Fusang, do outro lado do "Grande mar do Ocidente". Hui-Shen teria chegado ao México no século V e permanecido na América durante quarenta anos. Há coincidências intrigantes entre artes e costumes de civilizações pré-colombianas e chinesas: o uso do jade, dragões alados como motivo decorativo, cerimônias mágicas para provocar chuvas, vasos de cerâmica com três pés etc.

Galeses

Um dos livros mais populares da Idade Média, A viagem do abade Saint Brendan, narra a descoberta de uma nova terra que, no entender de alguns pesquisadores, poderia ser a Flórida. Saint Brendan, monge do País de Gales, existiu, realmente, no século V e sabe-se que viajou muito. Se chegou ou não à América é outra história.


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