CRISE FEUDAL
O século XIV e a Crise do Feudalismo
A crise do feudalismo a partir do final do século XIII, se dá, pela própria dinâmica do feudalismo. Essa crise aparece em vários setores, porém de forma entrecruzada.
No aspecto econômico a crise está ligada à agricultura predatória e extensiva, onde para se aumentar a produção era necessário aumentar a área cultivada , necessitando de constante anexação de áreas agrícolas para aumentar a produção, e acarretando com isso a devastação e danos ambientais. Muitas vezes essa expansão se dava em áreas de pecuária, o que diminuía a produção de esterco, um adubo natural resultando em menor fertilidade do solo, além de baixa na produção de leite, carne e derivados.
O desmatamento talvez tenha sido o fator responsável pela mudança climática ocorrida na época (SEC. XIV), provocando um resfriamento do clima , com violentas e constantes chuvas que arruinaram a agricultura, gerando fome e carestia.
Essa crise gera retração, que é associada ao problema monetário, devido a escassez de metais para cunhar as moedas, a extração de metais assim como a agricultura havia atingido seu limite tecnológico, necessitando de escavações mais profundas para a extração do metal, quem possuía metal preferia entesoura-lo, gerando a desvalorização da moeda. Mas os reis precisavam cada vez mais de recursos para fazer frente as guerras , a solução encontrada foi manter o valor nominal da moeda, apesar de possuir menos metal, levando ao entesouramento e a mais desvalorização.
Outro fator foi a crise demográfica, a fome e a desnutrição se associaram a epidemias e a mortalidade para diminuir consideravelmente a população européia da época, fator preponderante para isso foi a Peste Negra, mas letal que outras epidemias, atingia pobres e ricos indistintamente, levando a perda de 25 a 35% da população. Como conseqüência outras relações vão ser afetadas, como a servidão, com a perda de mão-de-obra, o senhor se vê forçado a apelar para o trabalho assalariado, que passa a ser mais valorizado.
A crise social ocorre devido aos fatores anteriores, as rendas senhoriais encolhiam, o trabalho assalariado estava valorizado, a taxa de natalidade da aristocracia cai , criando um proletariado-clerical e quebrando a identidade clero-nobreza, unindo as vezes a aristocracia com a burguesia em laços de casamento.
O senhor falido é obrigado a vender as suas terras para o burguês, tornando a burguesia o elemento dissolvente do feudalismo, suas atividades comerciais e financeiras iam rompendo o predomínio da agricultura na economia. Para valer seus interesses, essa burguesia investia no fortalecimento do poder central e contribuía para o recuo da aristocracia. Opunha-se a religiosidade e ao coletivismo com seu racionalismo e individualismo quebrando a rigidez hierárquica da sociedade.
A crise econômica e demográfica mudou a sociedade também no sentido em que criou o campesinato livre , formando uma elite camponesa.
Outra crise, foi a crise política, representada pela reconstituição dos poderes públicos, e pela centralização do poder, aliado a isso prolifera o sentimento nacionalista e a formação do exército nacional, o direito romano, esses laços nacionalistas são reforçados pelas guerras, que contribui também para a crise econômica e demográfica.
A crise militar, esteve associada a crise política, trocando-se a defesa regional pela defesa nacional, nas técnicas de guerra também há mudanças, com a infantaria e o arqueiro, substituindo o cavaleiro em importância, evolução que persiste com a invenção da arma de fogo, dando origem a artilharia. O cavaleiro perdia assim o seu prestígio.
Como havia sido elemento formador do feudalismo, o clero foi também uma de suas crises, a confusão de poderes da igreja, terreno e celestial gerava muitas vezes incoerência dos papas, gerando assim o choque entre reis e papas com maior freqüência, culminando coma crise das investiduras, disputa de papas e reis para investir os bispos, gerando conflitos e divisões na igreja, chegando a igreja a ter três papas enfraquecendo a hierarquia da igreja, criando a idéia das igrejas nacionais e não universal.
Criava-se assim a crise espiritual, questiona-se o sacramento e o homem místico tenta a salvação diretamente com Deus, difundindo vários movimentos de contestação como o catarismo.
A angústia pelas guerras, fome, peste era visto como um castigo divino, pelo afastamento do homem de Deus, por culpa da Igreja.
Começando ai os novos tempos.
Prof. Claudio Gambine
ASSISTA AO VÍDEO PRODUZIDO PELA HISTORY CHANNEL SOBRE A PESTE NEGRA, UMA PANDEMIA QUE ASSOLOU CERCA DE 2/3 DA POPULAÇÃO EUROPEIA
Note que ainda hoje o saneamento básico e as questões ligadas a higiene ainda causam grandes problemas nas grandes cidades.
Confira na reportagem a questão da infestação de ratos na cidade de Nova Iorque.
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